Ayako Kuba Sakamoto – uma trajetória dedicada à educação
Ayako Kuba Sakamoto - uma trajetória dedicada à educação
Educação é uma missão que Ayako Kuba
Sakamoto abraçou desde muito cedo. Aos 15 anos de idade iniciou a carreira no
magistério lecionando numa escola mista na cidade de Cambará (PR).
Este ano o colégio que fundou na garagem de
sua casa comemora 50 anos de fundação. Em entrevista exclusiva, ela conta como
foi esta trajetória:
Utiná Press: No ano em que o colégio
completa 50 anos de fundação, como a senhora vê esta trajetória?
Ayako Kuba Sakamoto: “É uma história muito interessante, muito
bonita, que começou há 50 anos… É uma continuidade, porque tem os filhos
estudando, funcionários que estão há muitos anos aqui, então é uma história
bonita, plantada há 50 anos e com raiz profunda.”
UP: Lá atrás, quando a senhora deu início à
escola particular imagina que ela chegaria aonde está, 50 anos depois?
Ayako: “Quando eu comecei a dar aulas particulares, não tinha esse plano de
chegar tantos anos. Eu comecei para experimentar se consigo ou não (dar aulas),
se dá ou não dá, agora se isso ia chegar aos 50 anos na geração de mãe para
filho, isso eu não sabia, não tinha esse plano, as coisas foram acontecendo.
Como comecei a trabalhar muito cedo no
interior, com 15 anos comecei a dar aulas na Escola Rural. Mas na época, com
medo de dar aula, mas eu consegui. Então peguei toda a metodologia que a minha
professora tinha dado, todo esse jeito de ensinar alunos do segundo, terceiro e
quarto ano e apliquei na minha casa também, inclusive pro meu irmão que estava
em admissão. Mas assim, se na época, eu ia montar uma escola particular, esse
tipo de plano eu não tinha não, sabia que queria ir para a capital estudar”.
UP: Qual o fato que mais marcou durante
esses 50 anos do Colégio?
Ayako: “São muitos anos então não tem um único fato. Mas você vê a dificuldade
que a gente passa, supera isso, vê
alunos formados… Como fiquei sabendo pela mãe, que um ex-aluno é reitor do
ITA, era um menino muito inteligente, esse tipo de coisa é muito marcante,
muito gratificante. Outro exemplo é o filho de um professor nosso, do João, que
foi nosso aluno e hoje também é professor, ao lado do pai. Esse tipo de coisa é
bastante gratificante, agora que estou mais afastada, depois que o meu filho
Paulinho assumiu a administração, também tem a coordenadora geral que leva em
frente isso também, esse tipo de coisa… Atualmente, quando venho à escola,
gosto de ter contato com os alunos, então na hora do almoço, eu desço para o
refeitório e encontro os alunos: ‘Dona Ayako, meu pai foi seu aluno’… ‘minha
mãe te conhece’. ‘Meu pai estudou aqui no colégio’… Então, eu falo, essa
escola já foi plantada, não é uma coisa só para a segunda geração e sim, muitas
gerações. Como foi uma surpresa meu filho Paulinho assumir a direção, ele
– engenheiro formado pelo ITA, veio
trabalhar aqui já há tantos anos, dar essa continuidade”…
UP: Não estava nos seus planos, Paulinho,
vir trabalhar aqui?
Paulo César Sakamoto: “Foi uma coisa natural, trabalhei por dois
anos como engenheiro e depois vim para cá.”..
Ayako: “Na época eu estava me virando e estava
começando a entrar a parte da informática, eu já tinha professora dando aula,
mas aí, o Paulinho disse que viria trabalhar aqui, então falei: “Você cuida
dessa parte que eu não entendo. No começo ele ficou bastante tempo assim, eu na
direção e ele cuidando só da parte de tecnologia.”
UP: Muita coisa mudou na parte da educação
nesses 50 anos?
Ayako: “Sim, mudou, mas a essência fica, né… Você tem que formar a criança, educar,
conviver… Mudou a parte tecnológica, que renovou bastante, isso muda, mas a
filosofia educacional é uma coisa que fica. Educar a criança não muda, tem que
educar e pensar no futuro deles, deixá-los bem-sucedidos, prepará-los, isso não
muda. Muda sim a parte da tecnologia, da sociedade muda, mas a educação mesmo é
que a gente começa: tem que ser educado, tem que ser dedicado, conviver bem com
os outros e ter sucesso na vida de cada um. A base da educação continua a
mesma. Temos a professora da JICA, que
chegou em setembro, e logo que ela chegou eu vim para conversar um pouco com ela
e ela me disse que, apesar de saber pouco português, ela encontrava com alunos
do ensino médio e disse que não sentia
que estava no meio de pessoas estranhas,
a sensação é de que ela queria fazer a parte da turma; ‘então acho que
todos devem estudar num ambiente acolhedor, alegre, num ambiente feliz mesmo,
senão você não vai pra frente no estudo, né?’. Aí falei: ‘É mesmo?’ Daí eu que
fiquei contente, porque vc percebeu isso… Ela vindo de fora, e sentiu isso,
ainda mais no Ensino Médio, que são mais distantes. Daí até comentei com a
coordenadora: ‘Tá vendo? Aquela história do “Criança Feliz” ainda está aqui’”...
UP: E como a senhora enxerga o futuro do
Colégio Brasília nos próximos 50 anos?
Ayako: “O que eu vejo, do jeito que veio até aqui, tem que continuar
aperfeiçoando. Se crescer fisicamente, é bom crescer também, né? Mas isso
depende de quem for administrar, tudo mais… Mas do jeito que veio crescendo
em qualidade, em dar continuidade, eu queria que continuasse, é aquilo que
falei, a semente já está plantada… Agradeço a confiança que todos os pais e
funcionários depositam na gente e continuar com este trabalho. Espero que a
semente que plantei 50 anos atrás permaneça, não só na segunda, mas terceira
geração em diante, dando continuidade a este legado”.
E existe algum projeto futuro do colégio?
Ayako: “Projeto para mim é sempre continuar melhorando, espero que o meu
legado continue”.
Paulinho: “Sempre ter que renovar o espaço, acabamos de inaugurar alguns espaços
novos que a gente fez, sempre acompanhar a evolução da sociedade, antecipando
tendências e oferecer que existe. Já tem uns dez ou doze anos que começamos a
oferecer aulas em inglês todos os dias, desde o infantil; além da certificação
de Cambrigde, que até o ano passado, já conseguimos emitir mais de mil
certificados, mesmo na pandemia, com aulas online, nossos alunos mantiveram o
nível e conseguiram aprovação para o certificado de Cambridge. Tanto que agora,
estamos inaugurando o departamento internacional, um espaço onde os alunos que
quiserem estudar fora do país recebem informações e orientações de como proceder”.
Além da certificação de proficiência de
Cambridge vocês também tem parceria com a Escola da inteligência, entre
outras… Fale um pouco sobre isso.
Paulinho: “Sim, esta parte ajudou
muito principalmente durante a pandemia, esta parte da saúde mental e
emocional, a gente percebeu que ajudou bastante. A gente percebe que ficar dois
anos trancado em casa afeta qualquer um, principalmente as crianças, né…
Também
temos o Espaço Maker, as plataformas digitais… Toda a hora tem que coisas novas
e daí a gente segue as tendências, vendo o que cabe dentro do nosso projeto, já
que toda hora aparece um monte de coisas, né… No Infantil temos o Espaço
Kids, Ecopark, que é um espaço bem diferenciado. Na área de alimentação, também
investimos bastante com a implantação de uma cozinha industrial que colocamos
no refeitório, que é muito importante por conta da questão da qualidade e não
dá para terceirizar… A introdução alimentar é importante desde a infância,
então a formação faz parte da educação”.
Deixe uma mensagem aos nossos leitores.
Ayako: “Agradeço a confiança que todos os pais e funcionários depositam
na gente e continuar com este trabalho. Espero que a semente que plantei 50
anos atrás permaneça, não só na segunda, mas terceira, quarta, quinta geração
em diante, dando continuidade a este legado”.