quinta-feira, novembro 21, 2024
Jornal Utiná Press

Ayako Kuba Sakamoto – uma trajetória dedicada à educação

Ayako Kuba Sakamoto - uma trajetória dedicada à educação

Educação é uma missão que Ayako Kuba Sakamoto abraçou desde muito cedo. Aos 15 anos de idade iniciou a carreira no magistério lecionando numa escola mista na cidade de Cambará (PR).

Este ano o colégio que fundou na garagem de sua casa comemora 50 anos de fundação. Em entrevista exclusiva, ela conta como foi esta trajetória:

Utiná Press: No ano em que o colégio completa 50 anos de fundação, como a senhora vê esta trajetória?

Ayako Kuba Sakamoto: É uma história muito interessante, muito bonita, que começou há 50 anos… É uma continuidade, porque tem os filhos estudando, funcionários que estão há muitos anos aqui, então é uma história bonita, plantada há 50 anos e com raiz profunda.”

UP: Lá atrás, quando a senhora deu início à escola particular imagina que ela chegaria aonde está, 50 anos depois?

Ayako: Quando eu comecei a dar aulas particulares, não tinha esse plano de chegar tantos anos. Eu comecei para experimentar se consigo ou não (dar aulas), se dá ou não dá, agora se isso ia chegar aos 50 anos na geração de mãe para filho, isso eu não sabia, não tinha esse plano, as coisas foram acontecendo.

Como comecei a trabalhar muito cedo no interior, com 15 anos comecei a dar aulas na Escola Rural. Mas na época, com medo de dar aula, mas eu consegui. Então peguei toda a metodologia que a minha professora tinha dado, todo esse jeito de ensinar alunos do segundo, terceiro e quarto ano e apliquei na minha casa também, inclusive pro meu irmão que estava em admissão. Mas assim, se na época, eu ia montar uma escola particular, esse tipo de plano eu não tinha não, sabia que queria ir para a capital estudar”.

UP: Qual o fato que mais marcou durante esses 50 anos do Colégio?

Ayako: “São muitos anos então não tem um único fato. Mas você vê a dificuldade que a gente passa,  supera isso, vê alunos formados… Como fiquei sabendo pela mãe, que um ex-aluno é reitor do ITA, era um menino muito inteligente, esse tipo de coisa é muito marcante, muito gratificante. Outro exemplo é o filho de um professor nosso, do João, que foi nosso aluno e hoje também é professor, ao lado do pai. Esse tipo de coisa é bastante gratificante, agora que estou mais afastada, depois que o meu filho Paulinho assumiu a administração, também tem a coordenadora geral que leva em frente isso também, esse tipo de coisa… Atualmente, quando venho à escola, gosto de ter contato com os alunos, então na hora do almoço, eu desço para o refeitório e encontro os alunos: ‘Dona Ayako, meu pai foi seu aluno’… ‘minha mãe te conhece’. ‘Meu pai estudou aqui no colégio’… Então, eu falo, essa escola já foi plantada, não é uma coisa só para a segunda geração e sim, muitas gerações. Como foi uma surpresa meu filho Paulinho assumir a direção, ele –  engenheiro formado pelo ITA, veio trabalhar aqui já há tantos anos, dar essa continuidade”…

UP: Não estava nos seus planos, Paulinho, vir trabalhar aqui?

Paulo César Sakamoto: “Foi uma coisa natural, trabalhei por dois anos como engenheiro e depois vim para cá.”..

Ayako: “Na época eu estava me virando e estava começando a entrar a parte da informática, eu já tinha professora dando aula, mas aí, o Paulinho disse que viria trabalhar aqui, então falei: “Você cuida dessa parte que eu não entendo. No começo ele ficou bastante tempo assim, eu na direção e ele cuidando só da parte de tecnologia.”

UP: Muita coisa mudou na parte da educação nesses 50 anos?

Ayako: “Sim, mudou, mas a essência fica, né…  Você tem que formar a criança, educar, conviver… Mudou a parte tecnológica, que renovou bastante, isso muda, mas a filosofia educacional é uma coisa que fica. Educar a criança não muda, tem que educar e pensar no futuro deles, deixá-los bem-sucedidos, prepará-los, isso não muda. Muda sim a parte da tecnologia, da sociedade muda, mas a educação mesmo é que a gente começa: tem que ser educado, tem que ser dedicado, conviver bem com os outros e ter sucesso na vida de cada um. A base da educação continua a mesma.  Temos a professora da JICA, que chegou em setembro, e logo que ela chegou eu vim para conversar um pouco com ela e ela me disse que, apesar de saber pouco português, ela encontrava com alunos do ensino médio e  disse que não sentia que estava no meio de pessoas estranhas,  a sensação é de que ela queria fazer a parte da turma; ‘então acho que todos devem estudar num ambiente acolhedor, alegre, num ambiente feliz mesmo, senão você não vai pra frente no estudo, né?’. Aí falei: ‘É mesmo?’ Daí eu que fiquei contente, porque vc percebeu isso… Ela vindo de fora, e sentiu isso, ainda mais no Ensino Médio, que são mais distantes. Daí até comentei com a coordenadora: ‘Tá vendo? Aquela história do “Criança Feliz” ainda está aqui’”...

UP: E como a senhora enxerga o futuro do Colégio Brasília nos próximos 50 anos?

Ayako: O que eu vejo, do jeito que veio até aqui, tem que continuar aperfeiçoando. Se crescer fisicamente, é bom crescer também, né? Mas isso depende de quem for administrar, tudo mais… Mas do jeito que veio crescendo em qualidade, em dar continuidade, eu queria que continuasse, é aquilo que falei, a semente já está plantada… Agradeço a confiança que todos os pais e funcionários depositam na gente e continuar com este trabalho. Espero que a semente que plantei 50 anos atrás permaneça, não só na segunda, mas terceira geração em diante, dando continuidade a este legado”.

E existe algum projeto futuro do colégio?

Ayako:Projeto para mim é sempre continuar melhorando, espero que o meu legado continue”.

Paulinho:Sempre ter que renovar o espaço, acabamos de inaugurar alguns espaços novos que a gente fez, sempre acompanhar a evolução da sociedade, antecipando tendências e oferecer que existe. Já tem uns dez ou doze anos que começamos a oferecer aulas em inglês todos os dias, desde o infantil; além da certificação de Cambrigde, que até o ano passado, já conseguimos emitir mais de mil certificados, mesmo na pandemia, com aulas online, nossos alunos mantiveram o nível e conseguiram aprovação para o certificado de Cambridge. Tanto que agora, estamos inaugurando o departamento internacional, um espaço onde os alunos que quiserem estudar fora do país recebem informações e orientações de como proceder”.

Além da certificação de proficiência de Cambridge vocês também tem parceria com a Escola da inteligência, entre outras… Fale um pouco sobre isso.

Paulinho: “Sim, esta parte ajudou muito principalmente durante a pandemia, esta parte da saúde mental e emocional, a gente percebeu que ajudou bastante. A gente percebe que ficar dois anos trancado em casa afeta qualquer um, principalmente as crianças, né…

Também temos o Espaço Maker, as plataformas digitais… Toda a hora tem que coisas novas e daí a gente segue as tendências, vendo o que cabe dentro do nosso projeto, já que toda hora aparece um monte de coisas, né… No Infantil temos o Espaço Kids, Ecopark, que é um espaço bem diferenciado. Na área de alimentação, também investimos bastante com a implantação de uma cozinha industrial que colocamos no refeitório, que é muito importante por conta da questão da qualidade e não dá para terceirizar… A introdução alimentar é importante desde a infância, então a formação faz parte da educação”.

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Ayako: “Agradeço a confiança que todos os pais e funcionários depositam na gente e continuar com este trabalho. Espero que a semente que plantei 50 anos atrás permaneça, não só na segunda, mas terceira, quarta, quinta geração em diante, dando continuidade a este legado”.