quinta-feira, novembro 21, 2024
Jornal Utiná PressNotíciasOkinawa

Banco de Dados dos Registros de Migração Okinawana online

Banco de Dados dos Registros de Migração Okinawana online

Desde o dia 22 de julho deste ano está disponível a consulta ao Banco de Dados dos registros de Migração Okinawana em
vários idiomas.

O projeto foi desenvolvido numa cooperação conjunta entre a Biblioteca da Província de Okinawa (OPL), a
Sociedade de Genealogia Okinawana do Havaí (OGSH) e o Centro para Estudos Migratórios de Okinawa para que os okinawanos do mundo possam descobrir suas raízes e a promover, preservar e perpetuar a cultura okinawana, conhecendo a história de seus antepassados.

Nele é possível pesquisar 50.000 registros de viagem dos emigrantes okinawanos que se lançaram para o mundo entre 1900 e 1937 com pesquisa de termos em Kanji e alfabeto romano.

Entrevistamos de forma online Hiroaki Hara, funcionário da Biblioteca da Prefeitura de Okinawa e Celso Akihide Shiroma, que atualmente está em Okinawa e também trabalha na Biblioteca, para saber mais a respeito
deste projeto.

Hara san contou que os dados são baseados nas fontes como o OKINAWAKEN SHIRYO KINDAI 5 – IMIN MEIBO 1 (lista de emigrantes), que foi editada a partir do livro de registro de emissão de passaportes para emigração do Arquivo Histórico do
Ministério dos Negócios Exteriores do Japão, a partir da extração dos dados referentes aos oriundos de Okinawa.

Destes 50 mil registros, cerca de 35 mil foram organizados pela província de Okinawa em seis livros; sendo que os 15 mil
registros restantes ainda não tinham sido publicados, mas recebemos os registros originais e os incluímos neste banco de dados. Uma das características deste projeto é que os originais que estavam registrados em ideogramas, transcrevemos em alfabeto romano para que seja possível realizar a busca pelos estrangeiros
”, conta ele. “A parte da transcrição dos ideogramas para o
alfabeto romano
(romaji) foi realizado em conjunto com a
Sociedade de Genealogia Okinawana do Havaí. Já com relação aos emigrantes que foram ao Brasil, estamos preparando esses dados (no período) de 1926 até a década de 1940, que são cerca de 8 mil registros, que levará cerca de um mês”.

Durante a entrevista Hara san fez a demonstração de como realizar a busca no sistema, afirmando: “com a ajuda do Celso Akihide Shiroma conseguimos concluir a base de dados não só em japonês, como também no idioma português e espanhol”, enquanto explicava como funcionava a pesquisa. “Considerando que os descendentes saibam o nome e sobrenome dos
primeiros imigrantes, a busca se baseia a partir desses dois itens”,
explica ele, preenchendo os campos solicitados na página. Ao inserir o sobrenome e pesquisar, vai aparecer todos os registros com este sobrenome, inclusive com a
grafia (ou as grafias) em kanji.Sabendo o sobrenome, é possível realizar a busca diretamente, mas, considerando que pode haver diferenças de escrita, representação do alfabeto ou diferenças na leitura (do ideograma),
então disponibilizamos todos os nomes para que possam ser buscados visualmente e depois copiados e colados no campo de pesquisa”.

No exemplo dado, apareceu 10 registros com o mesmo nome, porém, com dados diferentes, tais como data de nascimento, idade, local de origem (shichoson), destino, data de embarque, entre outros, o que possibilita a distinção e o
reconhecimento dos ancestrais que emigraram para outros países. “Como os nomes antigos tinham muito nomes iguais, como ‘Uto’, ‘Ushi, ‘Kame’, por exemplo; por isso inserimos outros dados como data de nascimento, idade, local de origem, destino, data de emissão do passaporte e também das pessoas que estavam relacionadas no mesmo ‘koseki’ (registro familiar), endereço,
etc…”,
explica ele, mostrando o resultado da busca final, com os dados dos registros escritos em inglês (romaji) à esquerda e em kanji (japonês) à direita.

“Com relação ao registro de viagens ao Brasil, a empresa que organizou a viagem de emigração ao Brasil (Kaigai Kougyou Kabukishi Kaisha) doou o material para a biblioteca nacional da Dieta Nacional do Japão (Parlamento japonês), cujos dados estão no acervo online e onde é possível visualizá-los.

Os dados publicados até 1927 foram os dados publicados no livro de História da província e os dados posteriores a essa data foram retirados do material da Biblioteca da Dieta Nacional do Japão, em que é possível visualizar a lista de imigrantes desde o Kasato Maru (1908) até o último do período pré-guerra, em 1940. “Então estamos fazendo este banco de dados conferindo com
os dados a partir desses originais, corrigindo-os e convertendo para o alfabeto latino. Com relação aos imigrantes do pós-guerra, utilizamos também a lista de emigrantes, que está no acervo do Arquivo da Província de Okinawa, e realizamos as pesquisas também nesse material
”, explica Hara san.

Questionado sobre os documentos que foram destruídos durante a Batalha de Okinawa, Hiroaki Hara explicou que, “em relação aos registros de viagens, o que tinha na província desses documentos públicos realmente se perderam todos, e por isso esses registros do banco de dados foram baseados nos arquivos que estão em Tóquio, no acervo do Ministério das Relações Exteriores.
Já com relação ao material do exterior, nós utilizamos nosso Serviço de Consulta Genealógica do Emigrante e também em sites de vários lugares e nos relatórios de nossa pesquisa. É difícil incluir tudo isso em nosso banco de dados”,
informou ele, aproveitando para mostrar o site de pesquisa de jornais do exterior, como o banco de dados de jornais japoneses da
Universidade de Stanford, que não tem somente jornais japoneses dos Estados Unidos, mas também do Brasil, como os jornais publicados antes da guerra, como por exemplo, o jornal “Burajiru Jihou”, que tem o início em 1917 até o
início da guerra.

Hara san explica que estes registros são muito importantes para a pesquisa de emigrantes okinawanos, principalmente para realizar o “Serviço de consulta genealógica do migrante de 1ª geração”, projeto da Biblioteca da Província de Okinawa, que desde o 6º Sekai no Uchinanchu Taikai (2016) oferece o serviço de maneira gratuita e agora de
forma online, com o intuito de que os okinawanos do exterior possam confirmar sua identidade uchinanchu.

“Desde abril deste ano, o Celso Akihide começou a trabalhar conosco e até então realizávamos este serviço para o pessoal do Havaí, em língua inglesa; mas depois que ele entrou e começou a divulgar o Banco de Dados e o Serviço de Consulta Genealógica em português, têm vindo muitos pedidos por parte do Brasil”, afirmou ele.

Questionado sobre a procura dos serviços de banco de dados e da pesquisa genealógica pelos descendentes uchinanchus fora do Brasil, Hara san conta que “em relação ao Banco de dados, por ser recente, ainda não há uma estimativa, embora o governador tenha anunciado. A maioria dos acessos tem sido do Japão, mas também há alguns acessos do Brasil, Peru, 
Bolívia, Argentina, Havaí; mas gostaria que já para este Uchinanchu Taikai 
(que será realizado no próximo dia 30 de outubro a 3 de novembro) houvesse uma maior procura na parte do Banco de Dados. Pretendemos também divulgar esse
serviço quando formos ao exterior para coletar mais documentos e também apresentá-lo às associações okinawanas
”, respondeu ele.

Sobre as semelhanças e diferenças entre o Serviço de banco de dados da Biblioteca da província de Okinawa e o Projeto “Ashiato”, realizado para as Comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil e que está disponível no site do Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e Assistência Social), Hiroaki san conta que: “Conheço o projeto e tenho consultado também, mas a diferença com o Projeto Ashiato é que nosso banco de dados traz mais detalhes, como a cidade de origem (shichoson), além do ‘aza’ (bairro) até o número da casa, então é possível realizar uma pesquisa mais minuciosa. A vantagem do Projeto Ashiato é que ele mostra por famílias montadas de viagem, mas nós também temos utilizado bastante esse
projeto”.

Ao final, ele faz uma solicitação: “Nosso serviço de consulta usa material do exterior e quanto mais documentos, mais informação encontraremos. Os imigrantes, a maioria, deve ter deixado registros em língua japonesa e se seus descendentes puderem doar ou permitirem a digitalização desse material, acredito que muito mais descendentes terão acesso a essa
informação. Caso as pessoas tiverem materiais que possam doar, ficaríamos muito felizes
”. Para finalizar, ele deixou a seguinte mensagem: “Ficarei bastante feliz se utilizarem o banco de dados e despertarem o interesse em busca das origens okinawanas”, completou ele.

Acesse os links:

http://opl.okinawan-migration.com/opl/opl.php?lang=PO

https://www.library.pref.okinawa.jp/about-okinawa/cat1/servico-de-consulta-genealogica-do-migrante-de-1-geracao.html