UNC Entrevista com Gabriel Yuji Nakashima
UNC Entrevista com Gabriel Yuji Nakashima
Uchinaa Network Concierge: Qual o seu país de origem?
Gabriel Yuji Nakashima:“Brasil. Nasci e vivo na
capital do estado de Paraná, Curitiba”.
UNC: Ocupação no seu país.
Gabriel: “Tenho formação em Arquitetura e
Urbanismo, mas tenho me aproximado da área de pesquisa”.
UNC: Qual a origem de seus Ancestrais (uyafafuji)?
Yuji: “Minha família paterna, de onde vem
meu sobrenome Nakashima, é de Saga-ken. Já minha família materna – uchinānchu,
é Kuniyoshi, originária de Ginoza-son, da região de Sokei. Infelizmente não
tenho muito contato com o Ginoza Sonjinkai, mas fui presencialmente a um evento
lá da região durante o Uchinānchu Taikai. Eu era o único brasileiro presente,
mas houve uma chamada online com diversos Ginoza Sonjinkais do mundo, inclusive
do Brasil, e foi aí que fiquei sabendo de amigos e conhecidos que também são
Ginozanchus, especialmente um pessoal de Campinas! Aliás, depois soube que meu
avô já chegou a visitar a Associação. Foi um encontro muito feliz!”
UNC: O que você faz atualmente ou que pretende fazer
durante sua bolsa em Okinawa?
Yuji: “Onze anos atrás, em 2011, vim a
Okinawa pela primeira vez, participando do Junior Study Tour (JST, atual UJS –
Uchinaa Junior Study). Foi uma ótima experiência, fiz muitos amigos, mas tinha
dezessete anos e fiquei pouco tempo, cerca de três semanas por aqui, na casa de
um parente. Portanto acho que era muito novo para entender e aprender com as
diferenças culturais e não era tão independente para buscar por conta própria
meus interesses vivendo em Okinawa. Mas acho que faz parte do escopo do
programa. É para termos um primeiro contato com nossa terra de origem e saber
que existem pessoas pelo mundo todo que compartilham desta nossa
identidade.
Agora, na minha segunda vez por aqui, tenho mais clareza
do que quero. Por um lado, um dos meus objetivos é a língua. Melhorar meu
nihongo, a língua japonesa que costuma distanciar nós nipo-descendentes do
Japão e de Okinawa. Por isso, desta vez estou vivendo em Ginowan-shi, estudando
na Okikoku (Universidade Internacional de Okinawa). Também tenho interesse no
uchinaaguchi, mas acabo deixando em segundo plano, pois é pouco usado até mesmo
aqui em Okinawa. É uma pena, tratando-se de uma língua que consta desde 2009 no
Atlas de Línguas em perigo de extinção, criado pela UNESCO. Além das
disciplinas de japonês, também tenho frequentado as aulas de Arte de Okinawa
como ouvinte, além de eventualmente alguns ‘saakuru’, que são grupos de alunos
focados em alguma atividade. Participei de um em que os estudantes fazem trilha
por montanhas uma vez ao mês e estou começando a participar de outro, focado na
prática do Ryukyu Buyo.
Por outro lado, vim porque queria sentir como é a vida em
Okinawa, confirmar (ou não) tudo aquilo que escutamos desde criança dentro das
associações: sobre o uchinaanchu ter um jeito mais tranquilo de viver e ser
menos sério que o japonês; se de fato come goya, nabera e sooki sobá; ver se
existe shisá, ishigantoo e deigo pelas ruas; se usa palavras do uchinaaguchi
como “haisai”, “choodee”, “akisamiyoo”… Enfim, algumas coisas pude confimar,
outras não. Porém, precisava vir para ver, ouvir e sentir por mim mesmo o
cotidiano okinawano”.
UNC: Quais as palavras que mais gosta de Okinawa
(Uchinaaguchi)?
Yuji: “Como alguém que cresceu tocando
Eisaa no Ryukyu Koku Matsuri Daiko, acho que o que mais gosto de dizer é
“Hiyasasaa! Haiyaa! Nattichee! Haiyaa!”. E como gachimayaa, ‘kwacchii sabira’ é
uma palavra muito útil! Hahaha”
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